sexta-feira, 5 de maio de 2017

ROGÉRIO: A FIGURA QUE CULPAMOS POR NOSSOS ERROS


Supercombo é dessas novas promessas do rock nacional que, definitivamente, sabem a que vieram e acabam deixando impacto em quem ouve ou assiste às suas apresentações ao vivo. A banda traz em si uma energia jovial e alegre em suas melodias, mas, na verdade, parece se propôr a ser um paradoxo ambulante: a alegria, na verdade é capa sarcástica (beirando ao ácido) para questionamentos profundos sobre a existência e a hipocrisia de nossos tempos.
Em Rogério, nome eufemístico para a figura do Diabo, temos essa mesma acidez envolta de jovialidade para questionar a nossa geração, a hipocrisia, os donos da verdade.
Rogério, que não apenas figura na capa, mas aparece em quase todo o repertório, é construído como o álibi para todos os nossos erros, pois no lugar de nos culparmos pela hipocrisia, pela ânsia de se autoafirmar com verdades vomitadas em comentários de facebook, culpamos o mal, o outro, o antagônico ao bem que representamos... O diabo, Rogério.
Com participações de artistas que representam segmentos diversos na música como Gustavo Bertoni, vocalista da Scalene, Lucas Silveira, da Fresno, Mauro Henrique, da banda Oficina G3, Medulla, Sérgio Britto e até Negra Li, Rogério é um manifesto sarcástico que ridiculariza a figura do dono da verdade, que conhece a todos e a tudo, dentro da cabine superprotetora de seu quarto, frente a uma tela.
Nem é tão importante você gostar de rock,na verdade, basta você participar da geração y, pós-moderna, pós-revolução cibernética para entender cada riff, cada arranjo, cada letra como uma descrição, por vezes constrangedora, do que somos nas nossas tentativas de nos autoafirmar diante de um mundo cada vez mais fragmentado e confuso.
Músicas indicadas: Bonsai, Monstros e grão de areia.

NOTA: 4/5



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